Todas as manhãs bem cedo apesar do frio intenso de Luanda, mais de 150 crianças do Bairro Capalanga juntam-se para a prática do Futebol
Por: redacção
Os alunos estão de férias. E a Universidade Jean Piaget de Angola ciente da importância da ocupação dos tempos livres de forma socialmente útil, juntou crianças , adolescentes e jovens para praticaram o futebol e a capoeira nos espaços desportivos do CIFD-Centro de Investigação e Formação Desportiva.
Os beneficiários são, maioritamemte, residentes nos arredores do Bairro Capalanga, local onde fica localizada a Universidade, bem como de outras zonas da Vila de Viana. Os treinos são dirigidos por professores e colaboradores do CIFD.
O pequeno Elmy, de nome completo José Alexandre Guerra Tchitende, tem 11 anos de idade, estuda a 5ª classe e mora no Bairro Capalanga. Afirma que joga no Piaget, porque está de férias, e se não tivesse a passar o tempo a jogar, estaria em casa a brincar somente com os amigos. “ Se não estivesse aqui, jogaria com os meus amigos, porque gosto de futebol. O meu jogador preferido é o Neymar e dos angolanos o Job. Quando for grande quero ser jogador de futebol. Sonho um dia que essa equipa do Piaget seja grande”, rematou.
Outro menino que ocupa as férias aqui nos campos do Piaget, é o Samuel Abel Fonseca-Celso. Tem 8 anos e estuda a 3ª classe, mora no Capalanga, deixa tudo e todos, inclusive os dois irmãos, para praticar futebol aqui na Universidade. Diz que quer ser grande como Benzema e o Ary Papel. É fã do 1º de Agosto. “Se não tivesse aqui a jogar, estaria em casa, no bairro a brincar e a jogar com os meus amigos. Mas aqui o mister nos orienta” afirmou o garoto.
Quinito Alexandre Kalualele tem 14 anos e estuda a 8ª classe. Está de férias, e diz que se não tivesse a treinar no Piaget estaria em casa sem nada fazer. É admirador dos jogadores Bobó e do Sérgio Ramos. As suas equipas de eleição são o 1º de Agosto e o Real Madrid. Afirmou, enquanto eu treino, muitos rapazes estão em outros caminhos, como na delinquência, na bebedeira, na prostituição e outras práticas incorrectas. “Eu também tinha essas práticas e vi que esse não é o melhor caminho. Os meus amigos dizem que o futebol não é objectivo, só correr atrás da bola e não me vai levar a lado nenhum, por isso não praticam, criticam e eu nem sei qual é o objectivo deles. Mas prefiro aqui estar, a ocupar o meu tempo, aprender algo útil com o mister que nos orienta, do que estar a fazer coisas que aborrecem a sociedade. Quando saio daqui estou cansaço e prontos”, desabafou o adolescente. Explicou o Quinito que a má vida não leva a lado nenhum. Afirmou que vai continuar a praticar futebol, depois matricular-se numa escola e ser jogador profissional.
O senhor Daniel David é o responsável que em todas as manhãs tem a missão de acompanhar os pequenos nos treinos de futebol. Apesar do frio intenso de Luanda nas primeiras horas da manhã, os campos do Piaget ficam coloridos com as cores das vestimentas que identificam cada jogador.
Afirmou o técnico, que os meninos fazem parte de um projecto que caminha no seu segundo ano. Denomina-se Escola de Futebol estrelas de Viana-Piaget. “Recolhemos os miúdos das ruas e de alguns colégios aqui do Bairro do Capalanga, para realizar os seus sonhos. Os miúdos estão de férias e estão aqui todas as manhãs. Uma forma de ocupar esses miúdos é através da prática de futebol. Porque muitos deles ficam perdidos na rua, outros acabam por ser delinquentes por causa da má companhia nos Bairros onde moram”, enfatizou.
Para além do treino, o treinador também conversa com os miúdos sobre as boas maneiras e a prática de boa conduta social e interagem com os encarregados de educação para darem continuidade ao trabalho que se faz ao longo do treino.
E Coordenador do Curso de Ciências de Desporto e Motricidade Humana, Mestre José Gamboa, disse que o projecto faz parte daquilo que é a extensão universitária do curso que dirige. “Estamos a cumprir com a parte social, que é a comunidade consumir o que fizemos através da pratica desportiva do futebol e da capoeira onde procuramos ocupar os meninos que vivem nos seus arredores para estimular as boas práticas, porque na essência o objectivo é formar homens capazes de servir a sociedade e estimular do ponto de vista cognitivo e de orientação social.
O CIFD entende que estas crianças estão num processo de estimulação psico-motora e de afectividade que tem influenciado grandemente no seu dia-a-dia, bem como no comportamento nas escolas onde estão inseridas e conseguem conciliar as actividades domésticas com a desportiva, afirmou o coordenador José Gambôa.