O Currículo Universitário é regido por princípios filológicos que fazem com que a Literatura pare no tempo e no espaço, adverte Escritor Hélder Simbad.
Em alusão ao dia de África celebrado a 25 de Maio, a Faculdade de Humanidades, Artes, Educação e Formação de Professores-FHAEFP, realizou uma palestra sobre “O papel da Academia na Promoção da Literatura Angolana” proferida pelo Dr. Hélder Silvestre Simba André.
A abertura da actividade foi executada pela Decana da Faculdade, Mestre Maria José Lopes Ferreira numa intervenção onde começou por saudar os presentes pelo dia do Continente Africano. A comemoração anual do Dia de África, realçou a Decana, é a ocasião para respeitar a luta política dos países africanos contra o imperialismo europeu dos séculos XIX e XX”.
A responsabilidade da academia para a divulgação de eventos e o aprofundamento da relação entre a academia e a cidadania mereceu destaque no discurso da Mestre Maria José Lopes Ferreira, “ Como academia sentimos ser uma obrigação cívica contribuirmos para a divulgação destes eventos, com expressão através das letras e, por esta via, aprofundarmos cada vez mais as relações de cidadania com os cidadãos de um continente com futuro e do futuro, que é África”.
Defendeu a Decana da FHAEFP, que grande parte da conquista pelas independências aconteceu na literatura. “Entretanto, a literatura que foi imprescindível nessa altura não parou no tempo, não se estagnou, desenvolveu-se, alargou-se em termos de forma e nas suas temáticas e os vários escritores bons que existem, actualmente, são a prova disso”.
Para a Decana, a Literatura continua a fazer parte do nosso quotidiano, continua a reflectir as vivências actuais, continua a ser o reflexo da história, da vida, das sociedades.
O prelector, Dr. Hélder Silvestre Simba André, cujo pseudónimo literário é Hélder Simbad, começou por fazer uma incursão sobre o papel das universidades na promoção da Literatura Angolana e direcionou a sua abordagem na conceito de Instituição Literária. Afirmou, que institucionalmente, quando se refere ao papel das Universidades na promoção da Literatura Angolana pensa-se na inclusão de um número de obras significativas e consequentemente os seus autores em programas curriculares.
Fez lembrar o Prelector, que “o acto de promoção das obras não pode nascer da angústia de determinado escritor, nem da atitude irresponsável de um professor que, a todo custo, procura esgotar a obra de um amigo impondo aos alunos actos de compras se se verificar comprovadamente que esta não apresente qualidade artístico-literária”. Para o mesmo, é preciso realçar que o papel das universidades na promoção da Literatura Angolana tem uma dimensão colectiva e uma individual.
Em relação ao desempenho das universidades para a promoção da Literatura Angolana é de opinião que as universidades têm realizado acções de promoção importantes, mas não satisfatórias. E uma das causas é o currículo universitário que segundo o prelector é regido por princípios filológicos que fazem com que a Literatura pare no tempo e no espaço.
“Para uma verdadeira promoção, sugere-se um ensino não discriminatório que não exclua autores com qualidade porque tiveram uma opinião contrária aos interesses da ideologia dominante; defendemos a integração de novos autores no corpus literários estabelecidos como canónicos pelas instituições de ensino” advertiu o académico.
Defendeu, que as universidades devem ser o principal centro de promoção da Literatura Angolana, “ pois, estas encerram toda uma vida literária: os alunos como os potenciais compradores das obras literárias, os pesquisadores e professores como promotores da qualidade literária, os auditórios e pátios como lugares para eventos como feiras de livros, debates literários e conversa com escritores, etc.”
Por fim, felicitou a Universidade Jean Piaget de Angola pelas grandes livrarias, pela sua extensão universitária e pelo Jardim dos Poetas na Província de Benguela.
Assistiram a palestra o Magnífico Reitor da UniPiaget, Prof. Doutor Samuel Carlos Victorino, o Vice-reitor, Prof. Doutor Paulo Inglês, o Secretário Geral, Mestre Tadeu Chissanguela, a Dra. Albertina Van-Trier, da Direcção da AIPA, os Decanos, Vice-decanos, Coordenadores de Curso, Directores de Serviços, Docentes, Discentes e convidados.
Hélder Silvestre Simba André, pseudónimo literário Hélder Simbad. Tem publicado os seguintes livros:
Enviesada Rosa (prémio António Jacinto, 2017);
Insurreição dos signos (com duas edições, uma portuguesa e outra brasileira, finalista da primeira edição do DST/Camões e Globos de Ouro Angola 2022);
Tradução Literária (livros técnicos);
A Palanca dos Chifres Dourados (livro digital).
É Director da Mayombe, Revista Angolana de Crítica Literária.
Conta com diversas publicações de artigos em revistas, sites, jornais nacionais e estrangeiros.